Nomes próprios de pessoas (antropônimos), assim como marcas e nomes de produtos, têm plural: essa é a regra e a tradição. Exemplo é o conhecido romance português "Os Maias". Nele, Eça de Queirós traça a história de uma família (os Maias) ao longo de três gerações.
Quando usar o plural de nomes?
Usamos o plural quando falamos de várias pessoas com o mesmo prenome, assim como ao nos referirmos às pessoas de uma família (exemplo: "Os Silvas não têm parentesco entre seus variados ramos"), às obras de um artista (exemplo: "Aquele museu abriga a maior coleção de Picassos conhecida"), ou ainda quando comparamos características de um mesmo artista (exemplo: "Há dois Pedros I na história da independência do Brasil: o viajante montado em mula, mal ajambrado, e o pintado no quadro de Pedro Américo, gravado na memória dos brasileiros, embora inverossímil").
A infração cometida pela imprensa
Admitido como regra e de uso tradicional o plural dos nomes, há quem prefira reduzir sobrenomes ao singular, quando referenciada a família, tendência atual utilizada sobretudo pela imprensa. Condenada, a princípio, a exceção tem sido expandida, sendo a cada dia menos condenada.
Exemplo são as alusões à família Gracie:
O Vale-Tudo, luta que não tem regras definidas, nasceu das apresentações e lutas dos irmãos Gracie, que queriam provar que a técnica desenvolvida por eles funcionava.
Regra geral: o plural segue a regra geral da flexão
O plural dos nomes próprios segue as mesmas regras dos nomes comuns: os Andradas, os Ferreiras, os Sotomaiores, as Peixotos, os Meneses, os Luíses, as Ineses, os Queiroses, os Rodrigues, os Joões (não Joãos), dois Rafaéis, vários Canalettos, os Miquelângelos.As exceções a observar
Faz sentido. Mas as regras que regem a ortografia oficial observa algumas exceções ou observações:Nomes estrangeiros
Sendo o nome estrangeiro, com terminação estranha ao português, o plural é obtido pelo simples acréscimo da consoante "s", pois não se sujeitam à flexão do plural do idioma de origem: Beethovens, Disneys, Kennedys, Jacksons, Collors, Bushs (e não Bushes, por exemplo).Nomes terminados em "s" ou "z"
Se o nome terminar em "s" ou "z", o plural é invariável: os Perez, os Sanches, os Rodrigues, os Vasques.Exemplos:
Os Perez e os Sanches têm origem na Espanha.
Tudo foi olvidado aos Rodrigues, que seguiram a história desconhecendo seu passado.
Exceção da exceção: os Luíses.
Exemplos:Veja que se as Marias e as Joaquinas ou Marias e Clarisses soa bem aos ouvidos.
Um bom exemplo, para não esquecer, é a música “O bêbado e a equilibrista”, de Aldir Blanc:
Chora,
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarices
No solo do Brasil…
O compositor, propositadamente, faz alusão à Maria, mãe do Henfil e à Clarice, esposa de Vladimir Herzog, ambos vítimas da ditadura; com o plural, abarca as mães e esposas que perderam seus filhos e maridos para o sistema ditatorial.
De outra sorte, pense na frase "Quantos Luis reinaram na França?" Não há como discordar: soa muito esquisito.
Por conta disso, dizemos "Quantos Luíses reinaram na França?"
Sonoridade dos nomes
A regra aplicada a Luíses (que é a exceção da exceção) também faz exceção em qualquer caso, quando o nome a ser flexionado soar, igualmente, esquisito. Se não soar bem aos ouvidos, mantenha o nome no singular.Exemplos:
Vagner, Gil, Ester, Mortimer.
Nome composto: qual elemento varia?
Neste caso não há unanimidade.Nome composto sem elemento intermediário
Se não há elemento intermediário (conjunção ou preposição), há quem defenda que apenas o último elemento deva ser pluralizado (os Delgado Pedrosos, os Ferreira Varellas, os Rui Barbosas); para outros mestres, é o primeiro elemento que deve assumir o plural (as Marias Aparecida, os Arrudas Sampaio); por fim, temos os que pluralizam ambos os elementos (as Marias Joaquinas, os Andradas e Silvas).Nome composto com preposição intermediária
Neste caso, apenas o primeiro elemento varia, assumindo a forma plural. Dizemos os Machados de Abreu, os Delgados Pedroso, Pedros da Silva (o segundo elemento mantém a forma singular).A conjunção aditiva "e"
Se o nome composto integrar o elemento de ligação e (conjunção), apenas o último elemento irá para o plural: os Andrada e Melos, os Andrada e Silvas. Flexionar o primeiro e o último elemento atrairia confusão. Entretanto, há quem defenda que o primeiro elemento, não o último, deva ser flexionado: os Andradas e Melo, os Andradas e Silva e outros flexionam ambos: os Andradas e Melos, os Andradas e Silvas.Portanto, no caso da conjunção "e", por não haver acordo entre os gramáticos, resta a liberdade de escolha.